Zé Ramalho mergulha no Nordeste profundo
Segundo o jornalista e pesquisador paraibano Assis Ângelo, corria por volta de 1998 quando, em Feira de Santana (BA), Zé Ramalho topou com uma fita k7 do conterrâneo Flávio José e, ali, descobriu uma das maiores pérolas do cancioneiro oculto do nordeste: “O meu país”. Chamo de “oculto” um conjunto de canções soberbas que nunca chegaram ao grande público, em especial do Sul-Sudeste do país, mas constituem uma verdadeira fortuna da nossa música.
O xote de Livardo Alves, Orlando Tejo e Gilvan Chaves veio ao mundo em 1994 e, quatro anos depois, foi o mosquito que picou o autor de ‘Avôhai’ para que este produzisse um dos seus melhores trabalhos - ou para Ângelo, o melhor disco de Zé: Nação Nordestina.
Lançados há exatos 25 anos em CD duplo pela extinta BMG e nunca editado em LP, Nação Nordestina é um mergulho profundo nas raízes do cantor e compositor de Brejo do Cruz, inaugurando uma fase na discografia de Zé Ramalho não autoral, em que ele relê, à sua maneira, obras de Raul Seixas, Bob Dylan, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e até dos próprios Beatles, cujo Sgt. Peppers serviu de inspiração para o projeto gráfico do disco.
Nação Nordestina é um reencontro de Zé com os seus pares, 25 anos depois de ter deixado a Paraíba e alcançado o estrelato. Nesse mergulho, ele encontra obras dos conterrâneos Geraldo Vandré (‘Pra não dizer que não falei das flores’), Fuba e Braulio Tavares (‘Temporal’), Pedro Osmar e Jaiel de Assis (‘Beijo-morte-beijo’), Vital Farias (‘Bandeira desfraldada’), Cecéu (‘Paraí-ba’) e Oliveira de Panelas (‘Esses discos voadores me preocupam demais’).
O CD 2 incorpora diversos convidados - todos nordestinos, diga-se de passagem - nesta jornada pelo região. Hermeto Pascoal acompanha Zé Ramalho é uma rara composição instrumental do paraibano (‘Violando com Hermeto’). Elba acompanha o primo em ‘Bandeira desfraldada’, enquanto Ivete Sangalo e Fagner fazem dueto com o anfritrião em ‘Amar quem eu já amei’ e ‘Garrote ferido’, respectivamente.
Flávio José e a banda Cascabulho encerram o elenco. O primeiro, entoando os versos “Pê-a-pá / Erre-a-ra-í / Bê-a-bá / Paraíba’, que Cecéu compôs em 1979 e ficou no fundo da gaveta até vir à luz na voz de Messias Holanda. A banda pernambucana (ainda com Silvério Pessoa nos vocais) dá suporte à Zé Ramalho em ‘Eu vou para lua’. Independente de ser, ou não, o melhor disco de Zé Ramalho, Nação Nordestina, permanece um trabalho irretocável (a produção é de Robertinho do Recife), seja pelo repertório cirurgicamente selecionado, seja pela atualidade das letras e pelo reflexo da condição nordestina, que entra clássico, sai clássico, segue mais-ou-menos o mesmo.
Crédito: https://auniao.pb.gov.br/noticias/colunistas/andre-ca..
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.Colaboração Ader Aldo do VK
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ZÉ RAMALHO – NAÇÃO NORDESTINA (CD DUPLO 2000) (Flac)
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-) LINK (CD DUPLO): https://pixeldrain.com/u/gTsd68JF

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